Manusear livros, perceber a magia das palavras e das imagens, ficar exposto à sensibilidade das mãos e do olhar; escolher livros, abandonar e repetir escolhas, ganhar intimidades com os livros, tomar gosto, acumular experiência; aprender a ser um leitor seletivo e crítico - são esses os objetivos da leitura de livre escolha.
Sabemos que é bastante comum a prática de cantinho de leitura, bibliotecas de classe ou volantes. Mas quando não se tem clareza da importância dessas propostas, elas correm o risco de ocupar um lugar secundário na rotina escolar. Ninguém se torna um leitor assíduo de um dia para o outro. Para isso, a facilidade de acesso aos livros e o contato frequente são condições fundamentais. Acrescente-se, ainda, um ambiente favorável, que desperte o desejo, que seja um convite permanente à leitura.
Sugerimos que seja reservado um horário nobre da rotina escolar para a leitura de livre escolha. De preferência, diariamente. Pegar um livro enquanto se espera a próxima atividade, ou num intervalo criado para descansar de uma atividade mais pesada, não é a mesma coisa que participar de um momento de leitura programado e valorizado.
Sugerimos também que esse momento de leitura tenha o caráter de projeto permanente: durante todo o ano, cada turma utiliza sua própria biblioteca, organizando-se par isso e avaliando constantemente a experiência.
Se a escola não dispõe de livros suficientes, poderá organizar bibliotecas volantes, que estariam nas salas de aula no horário combinado, conforme o sistema de rodízio que fosse criado.
As bibliotecas de classe poderiam funcionar da seguinte maneira:
No horário previsto, os livros são expostos na sala. Todos juntos, inclusive o professor, fazem suas escolhas e suas leituras em silêncio, durante uma meia hora.
Terminado o horário, a leitura é interrompida. Quem não terminou o livro, vai colocar um marcador, o que lhe dá o direito de continuar a leitura no dia seguinte.
Em seguida, durante 15 minutos, as leituras são compartilhadas: quem quiser pode se manisfestar, fazendo algum comentário.
O professor, frequentemente, faz comentários sobre o livro que leu (que, evidentemente, poderia ser outro livro que trouxe de casa ou da biblioteca e que também seria colocado à disposição dos alunos).
Os comentários do professor vão balizando os comentários dos alunos, que, aos poucos, vão aprendendo a compartilhar suas leituras.
Depois de um tempo, passam a escrever resenhas, para exercitar a crítica aos livros e orientar outros leitores.
As resenhas vão servir de material de consulta, tanto para orientar o uso das bibliotecas, quanto para avaliá-las e renová-las a cada semestre ou a cada ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário