Seleção de Livros
De início, já temos um problema: como saber identificar, entre os inúmeros livros feitos para crianças e adolescentes, aqueles que realmente são uma obra literária? Todos sabemos que o livro infanto-juvenil tem sido o grande filão do mercado editorial e que há muito livro ruim por aí. Como evitá-los?
É difícil resolver objetivamente essa questão, até mesmo porque, para isso, o professor terá que educar a própria sensibilidade. Pois é de sensibilidade que ele precisa para saber quando está diante de um texto de valor.
O texto literário atinge o leitor pela emoção. Então, para dar certo, o professor terá que ir atrás de livros capazes de emocionar seus alunos: fazer rir, arrepiar, provocar raiva, tristeza, êxtase, surpreender sempre. Mas terá que agir com inteligência. Os livros feitos para crianças e adolescentes podem estar passando, também, os mais variados tipos de preconceitos, contra os quais eles não sabem se defender. Ex: a ideia de obediência e submissão como um direito dos mais fortes em relação aos mais fracos; os comportamentos estereotipados de homem e mulher; os lugares sociais de menor prestígio destinados ao negro, ao homem do campo, etc.
É claro que não existe nenhum texto neutro, mas alguns são mais ofensivos que outros. Cabe ao professor a responsabilidade de lê-los criticamente e se perguntar: "será que este livro, apesar de bonito e emocionante, vai ofender alguém? Será que vale a pena?"
Também não vamos querer filtrar todas as leituras. Podemos dizer ao aluno que o leitor não tem que concordar com tudo o que lê, ainda que o texto seja divertido e envolvente. A solução seria expor os alunos a leituras variadas, para aprenderem a lidar com a diferença. Um texto literário pode impor ou quebrar valores e padrões sociais, restringir ou ampliar visões de mundo. Temos que ler o que os alunos leem e discutir os textos com eles, para lhes ensinar a ler criticamente.
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