com meu papagaio e o meu macaco
começam a me arremedar.
E quando eu saio
a minha sombra vai comigo
fazendo o que eu faço
seguindo os meus passos.
Depois é meio-dia
E a minha sombra fica do tamaninho
de quando eu era menino.
Depois é tardinha.
E a minha sombra tão comprida
brinca de pernas de pau.
Minha sombra que só queria
ter o humor que você tem,
ter a sua meninice,
ser igualzinha a você.
E de noite quando escrevo,
fazer como você faz,
como eu fazia em criança:
Minha sombra
você põe a sua mão,
por baixo da minha mão
vão cobrindo o rascunho dos meus poemas
sem saber ler e escrever.
Em: Antologia Poética para a infância e a juventude, de Henriqueta Lisboa, Rio de Janeiro, INL: 1961.
Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, AL, 23 de abril de 1893 - Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro.
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